quinta-feira, 12 de abril de 2012

Epifânico.

"Apesar das ruínas e da morte...
onde o sempre acabou,cada ilusão.
A força dos meus sonhos é tão forte
 que de tudo renasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias".

Sophia de Mello Breyner Andersen.


Apesar de tudo parecer cair num desconhecido espaço de tempo, a vida se renova e heróicamente seguimos junto a ela. Um receio: não estar vivo; uma realidade: exatamente o oposto disso. Onde estou de fato em mim mesmo? Num pedaço silencioso de vida ou perdido no inerte infinito, compassivo com tudo o que me cerca?. De certo ainda não sei e nem ouso sequer descobrir por enquanto (será mesmo?). O medo do que encontrar por debaixo dos escombros, das "ruínas" pessoais, é paralizante e antagonicamente instigante. Quem sou eu? será que realmente sei?. Confesso ter dúvidas sobre tudo, dúvidas e certezas são um farol particular. Minha busca existencialista me leva a um contato com luzes e sombras simbióticas que disputam bravamente espaço e tempo de sobrevivência; mas afinal, quem irá vencer?. A cada batalha traçada existe um único vencedor, porém aqui ,neste momento, com exatidão afirmo o contrário. Estes dois elementos do universo são complementos de um único Ser em caminhada contínua. Não será nem um nem outro; será sim, um equilíbrio em ascenção. Quero ir além do que está à frente, sei que existe algo que misteriosamente  impulsiona o nosso conhecer de cada dia, porém com o tempo tudo se mostra; as ilusões têm dias contados e datas certas para morrer e a partir daqui eu assumo perante mim o desejo de matar uma por uma, de aniquilá-las, afim de que o real por mais nu e cru que seja finalmente apareça. Quero perder o medo de me assustar; contudo, o prazer de uma surpresa, este, eu não renego. O mundo de fora é força pulsante que convida à mudança, no entanto, existe em mim um universo cheios de abalos cósmicos/sísmicos (silenciosos) que contradizem a força barulhenta que ecoa e me move para o novo em mim e no mundo... e essa força é minha maior arma, a força da mudança. É esta Força-poder que faz do lôdo nascer o lírio, que traz à tona o melhor, onde antes achava-se o pior. É a junção de tudo, é a unidade do Ser rumo a descoberta do novo em si mesmo. O novo que surge no meio de um espaço externo estranho; que modifica e movimenta, que capacita o "refazer-se" seguindo para uma nova realidade. Por isso uso a voz de Sofia e confirmo : " apesar das ruínas e da morte, onde o sempre acabou...cada ilusão. A força dos meus sonhos é tão forte que de tudo renasce a exaltação e nunca as minhas mãos ficam vazias. ", assim um ciclo se fecha, e o depois?.




                                                                                            H.Sts